quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Medo - A Arma da Política

Inicialmente, gostaria de agradecer ao Prof. Bido pela oportunidade de participar da autoria deste blog. Depois, gostaria de acrescentar que me coloco à disposição para ajudar no desenvolvimento do mesmo.



Durante a leitura da obra de Zygmunt Bauman, intitulada "Tempos Líquidos", tornou-se obvio que a questão política, não só em nosso país, mas também em todo o mundo está comprometida em seu âmbito estrutural. Neste livro, Bauman aponta que o medo é uma marca constante em nossa sociedade, uma vez que o enfraquecimento das relações humanas e a degradação do convívio social por meio do capitalismo, (que enfatiza a competição, e não a cooperação) acabaram por tornar o indivíduo, um ser receoso com relação ao meio que o cerca. Este medo, ampliado à proporções globais, cria "sociedades defendidas" presas em seu suposto "bem estar", mas na verdade, acuadas pela própria sombra.


Assim, frente a uma sociedade descrente e sem esperança, torna-se obvio que a política não tem mais poder. A representação de um país por meio de um governo só sustenta-se à medida em que seu poder é reforçado pela vontade das massas (algo raro em nosso meio). Assim sendo, um governo sem poder perde também seus meios de controle. Só resta um no qual se apoiar: a manipulação do medo.
Uma vez que o governo não pode mais ser visto como útil, tenta mostrar-se então como "necessário para a sobrevivência da nação". Ainda segundo Bauman, ameaças de terrorismo, ondas freqüentes de imigrantes, doenças, tudo não passa de uma imagem exacerbada dos problemas reais, de modo a promover para este governo, uma imagem de "pai protetor", indispensável para que os pobres habitantes da cidade possam sentir-se seguros.



Ainda na mesma perspectiva, mas ampliando-a a nível global, o autor afirma que o governo é o maior colaborador para o desenvolvimento do problema em si. A organização terrorista Al Qaeda nem mesmo era provida de um nome antes do atentado ocorrido no dia 11 de setembro. Porém, após tal evento, a mídia e o governo, em uma "união em prol da segurança nacional" continuaram a divulgar incessantemente imagens vinculadas à supostas ações terroristas, suspeitas de atentados com artefatos explosivos e envenenamento em massa. Então, torna-se impressionante o fato de que 2 anos antes do atentado, pouco se sabia sobre a organização, enquanto que 2 anos depois, seu nome (agora criado) passa a se espalhar rapidamente por todo o mundo. Estaria então o governo de fato combatendo o terrorismo, ou divulgando suas realizações? Estaria minando seu esforços, ou maximizando seus feitos?


Diante desta questão, também fica claro que um governo que controla uma população sufocada pelo próprio medo, não se sentira receoso de tripudiar sobre a situação. Logo, corrupção, escândalos e frases de baixo calão tornam-se a norma. Logo, não resta muito a esperar, pois o grande "pai protetor" é sagaz, e prefere manter seus "filhos" ignorantes quanto a esta situação. A emoção logo, torna-se arma, e o medo impera, para deleite dos que governam.


Acrescento então uma frase de Bauman, de seu livro Amor Líquido, que faz menção à estas questões:


"Aquele que busca a sobrevivência assassinando a humanidade de outros seres humanos sobrevive à morte de sua própria humanidade" (2004)


Para saber mais:


Livros do mesmo autor


Amor Líquido
Medo Líquido
Tempos Líquidos

Um comentário:

Prof. Bido disse...

Bruno:

Obrigado pela sua participação.
Continue postando os textos que quiser.
Baumann é um importante filósofo da contemporaneidade e um dos meus prediletos.

Abs

Bido